INTRODUÇÃO
A Bíblia Sagrada apresenta o plano divino da salvação, também conhecido como o "plano salvífico" ou o "plano da redenção". Ao mesmo tempo as Escrituras classificam os homens em ralação a esse plano. Diante da perspectiva bíblica geral temos pelo menos quatro classes de pessoas, e essas classes podem, também ser divididas em subclasses.
1. OS QUE NÃO OBEDECEM PORQUE NÃO CONHECEM A CRISTO.
Nesse grupo podemos incluir duas subclasses: os que nunca ouviram falar sobre Jesus, como por exemplo os indígenas que vivem praticamente isolados do contato com o homem moderno e aqueles que vivem em países ou regiões onde o Evangelho é impenetrável, como por exemplo os países muçulmanos (Rm 10.14-17). O outro grupo são os que já ouviram falar sobre Cristo, mas a luz do evangelho não resplandeceu sobre eles (2 Co 4.4). Os primeiros são denominados de os “sem lei”, e estes, segundo Paulo, “sem lei perecerão”; os do segundo grupo são denominados como “ímpios” nas Escrituras. Os ímpios são todos àqueles que vivem em desobediência contra a lei divina.
2. OS QUE NÃO CONHECEM, MAS OBEDECEM
Este grupo se identifica como aqueles que, mesmo vivendo “sem lei” ou “sem o conhecimento da lei divina”, acabam de alguma forma satisfazendo-a ou obedecendo-a mediante suas práticas adotadas culturalmente ou individualmente. Estes, segundo Paulo, “não tendo eles lei, para si mesmo são lei” (Rm 2.14). Estes “mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, quer acusando-os, quer defendendo-os” (v 15).
Apesar de não conhecerem a lei poderão ser considerados justos diante de Deus “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Romanos 2:13).
3. OS QUE CONHECEM, MAS NÃO OBEDECEM
Este grupo envolve os religiosos de uma forma geral; aqueles que afirmam conhecer o Evangelho ou a lei divino porém não obedecendo-a.
Podemos destacar aqui, também, dois subgrupos: os desviados, e os apóstatas. Os desviados como os conhecemos hoje são aquelas pessoas que chegaram a fazer parte de alguma igreja local, mas por algum motivo eles não permaneceram. Os apóstatas são os que deliberadamente decidiram se rebelar contra a lei divina, no entanto, continuam sustentando o título de os verdadeiros representantes de Deus na terra.
As Escrituras Sagradas estão repletas de referências a esses falsos crentes:
Jesus disse: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mateus 24:12,13). Esta é uma referência clara a apostasia da igreja. Apostasia significa literalmente “virar as costas”. A Igreja de Cristo já vive na atualidade um estado de apostasia diante de Deus. Essa apostasia tende a se tornar mais evidente na medida que se aproxima o final dos tempos.
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério” (Hebreus 6:4-6). Essa referência de Hebreus retrata a triste realidade daqueles que uma vez iluminados pelo Evangelho de Cristo tornam a se envolver com o pecado, “é impossível serem restaurados novamente.
“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hebreus 10:26-29). Essa referência é outra que reforça o mesmo conceito, que aquele que continua pecando voluntariamente ou deliberadamente, depois de ter recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos seus pecados, mas o juízo.
“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (2 Pedro 2:20-22). A referência de Pedro reforça o mesmo: não é possível haver restauração após o crente se apostatar da fé.
O apóstata terá diante de Deus maior juízo, não simplesmente pelo fato de haver desobedecido ao Senhor, mas porque distorceu o Evangelho de Cristo para se adequá-lo as suas práticas impiedosas. As Escrituras afirmam: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo” (Isaías 5:20). Judas adverte: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” (Judas 1:4).
O apóstata dissolve a graça de Cristo quando no intuito de justificar suas práticas pecaminosas manipulam a verdade de Deus. O profeta Ezequiel diz: “Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem discernem o impuro do puro...” (Ezequiel 22:26). Isso pode ser claramente visto no caso dos filhos de Eli no tempo do profeta Samuel (1 Sm 2.13-17, 23-25) e em muitas outras fases da história da nação de Israel.
4. OS QUE CONHECEM E OBEDECEM A CRISTO
Para esta última classe, não é necessário apresentarmos muitos detalhes. Ela é formada por todos aqueles que se converteram a Cristo e permanecem fiéis ao Senhor apesar de todas as lutas e aflições que enfrentam.
Nas palavras do Senhor Jesus, os crentes fieis são todos aqueles que que constroem sua casa sobre a rocha; aqueles que não simplesmente diz Senhor, Senhor, mas que cumpre sua vontade (Mt 7.21). São aqueles que entraram pelo caminho e pela porta estreita (Lc 13.24); a semente que caiu em boa terra e produziu muitos frutos: “Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta” (Mateus 13:23).
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