A filantropia e a causa social são aspectos relevantes da missão da igreja de Cristo nesse mundo. Não podemos desassociar uma coisa da outra.
Deus sempre manifestou um cuidado especial pela causa dos pobres e necessitados. Na lei mosaica encontramos diversas leis que os amparavam. Esse cuidado se manifestou em diversos aspectos como podemos observar abaixo:
Assegurando-lhes todos os seus direitos civis (Ex 23.23)
Assegurando-lhes o sustento (Ex 23.11; Lv 19.10; 23.22; 27.8)
Assegurando-lhes o direito à prática e ao exercício religioso de acordo às suas posses (Lv 14.21)
O direto de redimir suas posses e herança mediante um parente próximo (Lv 25)
Assegurando o combate à desigualdade social (Nm 15)
Assegurando-lhes proteção em casos de inadimplências (Dt 24.12.15)
Deus mesmo se manifestou como um defensor da causa do pobre e dos necessitados (Sl 12.5; 34.6; 35.10; Sl 113.5-7; Pv 14.31; 17.5; 19.17), e prometeu abençoar aqueles que também o fazem (Sl 41.1). 2. JESUS Jesus é nosso maior exemplo de filantropia, compaixão e empatia. Ele se entregou a si mesmo pela causa do homem: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13). No cumprimento de seu ministério terreno sempre se manifestou pela causa dos pobres, constituindo a filantropia como um dos pilares do evangelho (Mt 19.21; Mc 10.21; Lc 14.27). O Evangelho seria pregado aos pobres e estes o receberiam com todo coração (Lc 4.18; 7.22). Jesus fez da causa filantrópica sua própria causa ao proferir estas palavras: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim” (Mateus 25:41-45). 3. OS CRISTÃO PRIMITIVOS Os crentes primitivos entenderam plenamente o princípio ensinado por Jesus, aplicando-o a sua vida comunitária cotidiana, a Bíblia afirma que eles tinham tudo em comum (At 2.44,45). Entre eles não havia necessitado algum “[...] porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (Atos 4:34,35). Ao tratar a respeito deste tema com os crentes da Galácia, Paulo declara:
“[...] quando conheceram a graça que me fora dada, Tiago, Cefas e João, que pareciam ser as colunas, deram a mim e a Barnabé as destras de comunhão, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência”
Paulo realizava constantemente coletas entre as igrejas, e destinava os recursos aos irmãos necessitados de outras partes (Rm 15.26,27; 2 Co 8.1-4).
Na segunda carta ao Coríntios, Paulo dedicou um capítulo inteiro exaltando e confirmando a disposição comunicativa dos coríntios em relação a dar e receber (2 Co 9). E em outra parte exorta “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Rm 12.13).
O apóstolo Tiago também introduz indiretamente o tema filantropia ao tratar da acepção de pessoas:
“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar também algum pobre com traje sórdido. E atentardes para o que vem com traje esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: Fica em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. [...] Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores. Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos” (Tg 2.1-5, 8-10)
A ação filantrópica constitui um princípio da lei divina, intrinsecamente ligado ao mandamento “amarás o próximo com a ti mesmo” (Tg 2.8). Aquele que omitir-se de cumprir esse pequeno detalhe, tornou-se transgressor de toda a lei divina e é, portanto, culpado.
O ministério diaconal surgiu na igreja primitiva por ocasião de uma questão envolvendo má administração dos recursos físicos da igreja no cuidado das viúvas:
“Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (At 6.1) A palavra diácono significa servo; o diácono exerce seu ministério atendendo principalmente os aspectos físicos da obra de Deus, e principalmente os de cunho social e filantrópico. Todos nós fomos chamados para servir, este exemplo Jesus nos deixou, “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:45). Ao se despedir dos crentes efésios Paulo os exorta veementemente: “Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber” (At 20.35). Jamais podemos desassociar a missão da Igreja de Cristo na terra da causa social. Como dissemos anteriormente, toda causa espiritual deve ter como alvo principal o ser humano, isso é, o seu bem. Quando a igreja, ou grupos específicos da igreja trabalham na promoção da causa filantrópica e social, estão pregando o evangelho da forma mais perfeita e mais eficaz possível, pois estão refletindo como a sua atitude o próprio exemplo e a pessoa de Cristo.
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