INTRODUÇÃO
A confiança não é um sentimento natural do homem, que brota da noite para o dia. A confiança tem estreita relação com a imagem do outro que é construída em nós. Ela não pode ser exigida, ela precisa antes ser cultivada, conquistada
Confiança tem intima relação com a maneira como interpretamos o outro, ou do quanto o outro é capaz de nos convencer mediante suas intenções. Portanto, a confiança está relacionada ao caráter, a credibilidade, a transparência.
Não costumamos depositar confiança em uma pessoa mal caráter, que tem uma má fama; nem tampouco em pessoas cujas intenções lançam dúvidas. Tendemos a confiar em pessoas que conhecemos, ou mesmo que não conhecemos pessoalmente, tendemos a confiar em pessoas de caráter, de boa fama, de credibilidade, de verdade.
Ao falar do nosso relacionamento com Deus, não podemos conceber a confiança de outra maneira. Portanto, para desenvolvermos a confiança em Deus, precisamos trilhar um longo caminho, até que esse sentimento venha brotar de forma natural.
Deus não exige que seus servos confiem nele, mas os exortam a isso (Sl 37.5). Contudo, Deus não espera que confiemos nele simplesmente porque ele nos exorta a isso, antes ele espera que possamos desenvolver essa confiança mediante nossa relação com ele, isso é, que essa confiança seja cultivada, desenvolvida.
Desenvolver a confiança só é possível quando somos capazes de penetrar no mundo do outro, principalmente no que se refere a intencionalidade. Quando o crente decide entrar no mundo de Deus e começa a sondar as intenções de Deus mediante sua revelação escrita (Rm 12.1,2), estamos ao mesmo tempo conquistando o coração de Deus.
A confiança em Deus conforme nos ensina as Escrituras não significa apenas dar um voto de confiança ao Senhor, mas reconhecimento de total dependência dele.
Nesse nosso estudo vamos traçar etapas importantes que todo crente precisa trilhar para desenvolver sua confiança em Deus, e ao mesmo tempo conquistar o coração de Dele.
Reconhecimento
Reconhecer é dar ou atribuir o devido crédito. Quando manifestamos uma disposição de reconhecimento, somos capazes de enxergar a mão de Deus por traz de tudo, mesmo as coisas ruins (Is 45.7).
Deus em seu infinito amor e graça, pode permitir que coisas ruins acontecem por saber que dessas coisas ruins pode produzir o bem (Rm 8.28). Muitos, por não ter ainda o conhecimento de Deus, não são capazes de reconhecer e dar o devido crédito ao Senhor.
Contentamento
“...e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento” (1 Tm 6.6).
Contentar-se significa acomodar os nossos corações ao que temos ou possuímos. O contentamento é o oposto da ambição.
Isso não significa que não devamos projetar o futuro ou criar expectativas, mas que precisamos ser cautelosos quanto ao que desejamos, para que não vivamos sempre às sombras daquilo vamos ter, mas do que já temos.
Conformidade
Quando somos capazes de nos contentar com o que temos ou somos, somos capazes de vivenciar um elevado nível de conformidade; conformidade com os planos ou a vontade divina. Se conformar implica em admitir que a vontade de Deus é o melhor caminho a ser seguido.
Conformidade lembra também acomodamento à vontade de Deus. Paulo recomenda os seus leitores a não se conformar com o mundo, mas a se conformar com a vontade de Deus (Rm 12.1,2).
Gratidão
Ser grato não significa apenas reconhecer o bem ou o favor feito pelo outro. Gratidão significa disposição de compensação.
Toda pessoa grata de verdade tenta compensar o favor de alguma forma, isso é, tenta retribuir de alguma maneira o bem ou os favores recebidos.
É claro que aquele que faz um favor ou um ato de bondade não espera receber o mesmo bem feito ao outro, doutra forma isso não seria chamado favor, contudo, quem favorece espera receber o mínimo de reconhecimento, e em relação a Deus isso não seria diferente. Mesmo que não tenhamos condições de retribuir ao Senhor os favores recebidos dele, ele espera que manifestemos atitudes de um coração agradecido.
Deleite no Senhor
"Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração” (Salmos 37:4).
Deleita-se em Deus significa fazer dele o nosso maior objeto de prazer, nosso maior objeto de satisfação, de alegria. Isso não se aplica apenas em sentido de satisfação, realização, mas no sentido de desejo. Isso significa que aqueles que deleitam no Senhor vão desejá-lo ansiosamente, e esse desejo de ansiedade vai gerar um sentimento de descontentamento.
E assim o buscaremos mais e mais. Isso significa que nunca sentiremos plenamente realizados, pois sempre o desejaremos mais e mais. O salmista diz:
“Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (Salmos 42:1).
"A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pelo romper da manhã, sim, mais do que os guardas pela manhã" (Sl 130.6).
Confiança
A confiança será o produto de todos os demais processos desenvolvidos anteriormente. Somente depois de vivenciarmos cada processo é que seremos capazes de confiar no Senhor, entregando plenamente nossas vidas a ele.
CONCLUSÃO
Um estágio de confiança plena no Senhor proporcionará uma disposição formada por todos os elementos acima abordados, reconhecimento, contentamento, conformidade, gratidão, deleite. A confiança vai gerar um sentimento de segurança e proteção para o crente.
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